Tratado Elementar de Magia Prática – Papus
Papus, ou Gerard Encausse, como foi batizado por seus pais, o químico francês Louis Encausse e Irene Perez, a descendente de ciganos espanhola. Ele fez parte da primeira geração de ocultistas influenciados pelos escritos de Eliphas Levi. Desde jovem se interessou pelo ocultismo e passou grande parte da adolescência estudando Cabala, tarot, magia e alquimia, acabando por ingressar na Sociedade Teosófica, criada por Blavatsky. Depois de um período envolvido com os ensinamentos da ordem acabou abandonando-a: ele não gostava da ênfase que era dada ao ocultismo ocidental; o mesmo motivo que o levou a, 3 anos depois de ter ingressado e largado uma das maiores fraternidades ocultistas do ocidente e criar sua própria ordem, a Ordem Cabalistica da Rosa Cruz, assim como inúmeras outras ordens e grupos que começavam a surgir. Foi neste época que ele começou a registrar suas impressões e seu conhecimento.
O Tratado Elementar de Magia Prática foi o sexto livro escrito por ele e se tornou um guia indispensável para ocidentais estudantes de magia. O tomo está dividido em 3 partes distintas, Teoria, Realização e Adaptação.
A parte que versa sobre teoria é a mais curta de todas, mas nem por isso a mais fraca. De forma sucinta, porém extremamente didática, ele trata dos fundamentos da magia e a relação dela com o homem enquanto ser físico, dando especial destaque para o adestramento do Mago, cujo fundamento é o exercício de um forte senso de disciplina.
Na parte de ‘Realização’ ele expõe todos os princípios práticos da arte. Algo que pode ser considerado até curioso em relação a seus textos é que muito de seus assuntos, apesar de serem de cunho ocultista e mesmo alquímico, como suas tabelas planetárias e seus trabalhos com metais, o foco do autor é sempre a utilidade da magia e como colocá-la em ação na vida cotidiana. Ele trata de tópicos que incluem vegetarianismo, o uso de haxixe, ópio e morfina, a confecção dos objetos e armas mágicas e a astrologia. Em toda a obra é perceptível a importância relegada a eterna busca do auto controle e auto superação.
Na parte final, ‘Adaptação’ vemos como colocar a prática mágica, até agora explicada de maneira impecável, na vida cotidiana. O estudioso aprende como se aplicar a magia para conseguir uma melhor aceitação e interação profissional, pessoal e pública. Como usá-la para lidar com as pequenas e práticas coisas do dia a dia. Os antigos rituais em latim para consagrar a tudo, como criar o próprio papel para fazer as anotações mágicas, como colher materiais específicos em horas, dias e circunstâncias meticulosamente específicas.
Papus é didático o suficiente para que o leitor entenda o que é Magia e como ela funciona. Também fornece preciosos ensinamentos sobre a estrutura holística do ser humano e a interação e o domínio de seus “corpos”: o físico, de matéria densa e os astrais-etéricos-mentais, de matéria sutil.
Papus deixa claro um dos maiores segredos da magia: toda prática ritual têm como objetivo, unicamente, educar a vontade do operador para que ele seja capaz de concentração do pensamento e irradiação posterior. Não é o planeta Vênus que derrama seus fluidos sobre um amuleto; é a Vontade do Mago! Se vai conjurar, fale em sua língua! Se vai preparar um amuleto, mantenha-se concentrado e seja discreto. É o que basta! A lição mais importante deste livro é que a magia precisa ser acima de tudo, algo útil.